Durante a pandemia do coronavírus, a importância das interações pessoais e das relações sociais ganhou ainda mais evidência. Tanto que o consumo de lives e a realização de videochamadas em grupo rapidamente tornaram-se novos hábitos do cotidiano. Porém não é apenas o distanciamento que tem afetado o dia a dia dos brasileiros. Pelo contrário: em muitos lares, o confinamento representa possivelmente o maior dos problemas. Afinal, diante de um convívio mais amplo e intenso, casos de relações abusivas e violência doméstica têm aumentado no país.

Neste contexto, a tecnologia também pode desempenhar um papel estratégico. Especialmente quando aplicada a projetos inovadores – como um capitaneado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

 

MAiA: inteligência artificial contra a violência doméstica

Idealizado pela promotora Valéria Scarance, o projeto #NamoroLegal surgiu para orientar e proteger as mulheres sobre os limites dos relacionamentos. Assim, sua primeira etapa envolveu a criação de uma cartilha, lançada ainda em junho de 2019. Inicialmente, a ideia era simplesmente compartilhar dicas simples e práticas para ajudar possíveis vítimas a identificar e evitar comportamentos abusivos. Mas, em março deste ano, a iniciativa ganhou o reforço da chatbot MAiA, sigla para Minha Amiga Inteligência Artificial. Dessa forma, o projeto agregou tecnologia e proteção de dados para disponibilizar mais uma forma de combate à violência doméstica.

Além da Inteligência Artificial, a ferramenta utiliza Aprendizado de Máquina para receber e aprender com as experiências a ela relatadas. Diante disso, é capaz de empregar linguagem leve e sensível aos problemas, bem como indicar formas de lidar com determinadas situações. Afinal, o chatbot MAiA passou por um ano de testes e, agora, pode ajudar mulheres de todo o Brasil. Aliás, nos últimos meses, a ferramenta auxiliou mais de mil usuárias a identificar aspectos abusivos em suas relações. Assim, mesmo sem sair de casa, é possível iniciar a prevenção e o combate a comportamentos abusivos e violência doméstica.

 

Foto: iStock/MachineHeadz