Entender e se fazer entendido estão entre as maiores dificuldades enfrentadas por deficientes auditivos. Afinal, ainda poucas pessoas entendem Libras – a Língua Brasileira de Sinais (e segunda língua oficial do Brasil conforme lei 10.436/02). Assim, atividades cotidianas como conversar, fazer compras ou utilizar serviços bancários podem representar um desafio entre surdos e ouvintes. Com os avanços da tecnologia, porém, muitas dessas tarefas foram simplificadas por meio de aplicativos para dispositivos móveis.

Apesar de não conseguirem realizar ligações telefônicas, os deficientes auditivos tiveram sua comunicação facilitada por apps como WhatsApp e iMessage. Dessa forma, passaram a conversar por mensagens de texto – turbinadas com recursos como fotos, GIFs e figurinhas (stickers). Já a independência para ir e vir sem pedir informações veio de carona com ferramentas de localização como o Waze. Enquanto isso, os aplicativos bancários descomplicaram o atendimento e a realização de transações financeiras. Por sua vez, a Inteligência Artificial e o Aprendizado de Máquina cumprem papel ainda maior na sua inclusão social.

Intérprete virtual traduz texto e fala para Libras

A partir de certo volume de dados, sistemas são capazes de identificar padrões e tomar decisões com mínima intervenção humana. Entre esses exemplos incluem-se recursos de visão computacional e de transcrição de fala para texto em tempo real. Nesta mesma linha, um aplicativo brasileiro realiza a tradução automática de texto escrito ou falado para Libras. Dessa forma, funciona como uma espécie de “intérprete de bolso” para ouvintes, superando barreiras de comunicação com pessoas surdas.

Disponível gratuitamente na App Store, o Hand Talk foi até mesmo eleito pela ONU o melhor app social do mundo. Com ele, basta digitar – ou usar o microfone para ditar – as palavras ou frases que se deseje expressar em Libras. O aplicativo rapidamente converte a mensagem na Língua Brasileira de Sinais, exibindo uma animação do personagem Hugo – seu intérprete virtual. Assim, mais do que um tradutor automático de português para Libras, o Hand Talk se torna uma ferramenta de aprendizado. Há inclusive uma seção educativa chamada “Hugo Ensina”. Ela traz uma série de vídeos voltada a crianças e adultos interessados em aprender expressões e sinais em Libras. Além disso, a premiada tecnologia brasileira tem sido utilizada por empresas para tornar as relações comerciais mais acessíveis e inclusivas.

 

Arte: Eduarda Lazzaretti
Imagens: iStock/AntonioGuillem, Hand Talk/Reprodução